O fato é que Mô sofre de perfeccionismo agudo, um ponto extremo que a impede de reconhecer a qualidade do próprio trabalho. Então solto o meu veredito de resenhista, jornalista, leitora e escritora: Mô escreve, e escreve bem.
Agora é a vez de vocês conhecerem o trabalho dela. Mô é escritora até que se prove o contrário.
Ampulheta
quantos
pontos
são
necessários
para
estancar
o
sangue
de
quem se corta
com
os cacos
da
ampulheta?
quantas
pinças
são
necessárias
para
tirar
do
sangue
a
areia do tempo
que
escapou
da
ampulheta quebrada?
quantos
anos
sofridos
são
necessários
para
que não se quebre
a
ampulheta?
a
ampulheta
é
por si
torta,
trincada
mal
lacrada, vazada.
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Eu
chovi
mas já passou.
Ainda não atingi o
índice pluviométrico do
descanso mental.
mas já passou.
Ainda não atingi o
índice pluviométrico do
descanso mental.
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Fotogênesis
A
minha fotografia mente
o
meu olhar.
Não
há as corrugas
do
chapisco,
nem
sequer a cor que vejo
dos
riscos que contam
da
chuva que choveu.
Não
há fidelidade
na
oxidação fotografada.
A
câmera não mostra o ar que
belamente
pintou
sardas no metal
que
parece o telhado
sustentar.
Será?
Será
que sustenta?
Os
verdumes?
Deles
nem falo.
Minha
fotografia?
É
mentira pro meu olhar.
Talvez
um dia eu possa aprender
A
fotogenar.
•
Já
que não sei fotografar
uma
nuvem gigante traça um plano cinza-escuro no céu.
acima,
o breu e a lua:
ela
adornada com seu halo também plúmbeo
ela
partida ao meio.
algumas
estrelas
.
talvez mortas, para mim vivas .
fazem
a escolta
falsa
imóvel.
a
terra gira
mas
tudo parece parado.
apenas
meus cabelos e as plantas e minha saia provam
que
o ar hoje quis correr.
sob
o pseudônimo vento
ele
canta
com
seu timbre indefinível.
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Mônica Ribeiro é mineira, perfeccionista e vive em constante batalha contra si mesma nesse mundo insano que nos convence o tempo todo que os doentes somos nós.
~Maya
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eu gostei mô - besos
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirAdorei seus textos, Mônica Ribeiro!
ResponderExcluirObrigada!
ResponderExcluirObrigada, Maya! É uma honra!
ResponderExcluir