sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Miau

Chamaria de golpe do destino a forma como eu e André nos conhecemos. Feira do Livro. Natalia Polesso patrona. Estava eu, como sempre, circulando de banca em banca e indicando meu próprio livro como dica de leitura para desavisados visitantes quando o fiz com um cara alto, com sotaque nordestino, com quem tive uma breve conversa. Não nos apresentamos, nada, cada um seguiu seu caminho.

Dias depois, outro autor nordestino por quem tenho imenso carinho esteve em nossa feira para autografar. Tiago Germano, já o conhecia pelo face e fui prestigiar. Terminada a hora dele na sala de autógrafos, seguimos eu, ele, Debora Ferraz (autora de Enquanto Deus não está olhando), Natalia e sua esposa Daniela (e se tinha mais alguém, me perdoe, eu não lembro) para o café da feira.

Papo vai, papo vem, Tiago reconhece André circulando por ali. Foi então que descobri que o cara alto de sotaque nordestino era o paraibano André Ricardo Aguiar. A partir dali nasceu uma amizade que só cresceu.

Descobri pelas bandas virtuais que André, além de poeta, é o rei do trocadilho. A leitura dos posts dele se tornou obrigatória pra mim porque sempre tem uma pérola. Ele é brilhante nessa arte e já sugeri que faça um compilado para publicação.

Enquanto o livro de ouro dos trocadilhos não sai, André lançou "da existência enquanto gato". Bom, eu sou #teamdog, mas não tenho nada contra gatos, tenho até amigos que são, digo, tem. Fiquei curiosa, claro, vindo do André só podia ter coisa boa. Leitura leve, pra contrastar com o que eu mesma produzo.

O livro, publicado pela Fresta, é 100% artesanal e o nepotismo rolou solto: o gato da capa é do próprio André, o que privou outros gatos da chance de disputar a oportunidade de estampar a capa de um livro. Um absurdo que eu não poderia ignorar nessa resenha, por óbvio.


Mas falando sério. Com surpresa zero, o livro é leve. Tem alguns trocadilhos (o que me deixou super feliz) e poemas que vão do divertido ao lírico, tendo o gato como protagonista.

Um dos poemas que separei para futura declamação, por exemplo, André incorpora o próprio gato, em carta ao dono. Os poemas em geral são despretensiosos, não se pretendem virar um clássico da literatura (o que é um clássico da literatura, afinal?), mas trazem em si o inconfundível charme das ancas de uma gata enquanto esnoba seu humano.

A leitura é leve, gostosa, feita num pulo de gato. Indicada inclusive para quem prefere cães.

Meus poemas favoritos vou deixar pra declamar em vídeo, porque valem à pena.
______________________________

da existência enquanto gato
André Ricardo Aguiar

Fresta: Caxias do Sul, 2019
Páginas o bastante pra se divertir num só fôlego
_______________________________

André Ricardo Aguiar é paraibano de Itabaiana. Poeta e contista, é autor de diversos livros dos gêneros e também um dos grandes nomes da literatura infantil.

~Maya

2 comentários:

Finaleira

Esse é o último post desse blog. CALMA, NÃO PRECISA DESMAIAR! Não, o Bibliofilia não acabou! O causo é que no finalzinho de outubro, mais...