Ela me mandou seu material poético sem pretensão de publicar aqui, queria saber minha opinião. Eu sou uma reles mortal. Uma reles mortal que lê muito, mas ainda assim uma reles mortal, quem sou eu para julgar o trabalho alheio?
Crow escreve há anos. Crow merece ser lida, como merecemos todos conhecer o trabalho dela. E aqui vos apresento alguns dos poemas que ela me mandou. Degustem.
Madrugada
Os saltos espalhados
O pulo
Não é do gato
É de êxtase
De uma alma que cria
Renega
Respira
E pouco se alivia
É a lebre em libido
Disparada em diáspora
Tonta ou perdida
Em tragédia assistida
Danço, ouço música
Me acalmo em água
Hipnose ou concentração
Tudo depende do estado de espírito
Desta minha euforia sofrida
Que pede alívio na escrita
No beijo e na escuridão
Hoje me vi apaixonada
Apressada e encantada
Hoje agradeço aos amigos
Que aquecem o tão esquecido sentido
Do amar e radiar luz
Brilho de uma partícula de Sol há muito esquecida
Que muitas vezes se fez substituída
Subestimando tanto a potência quanto a paixão
Com a qual leve, livra-se
E lê
Nos detalhes, a menina doce
Do sorriso maroto
E de alma imprudente
Que quer colo
E mordiscos
De uma apaixonada
E juntas
Se perdem
Na dança em praça pública
No choque de escrituras
Nos papéis finos
E ainda assim tão tão tão cruéis
Vermelho e vermelhidão
Hoje dançam valsa
Unindo o coração___________________________________
Entre rodas de cura, amor e perdão
Gritam conselhos, grita a sofreguidão
Trombam-se espíritos, desígnios e amoados percursos
Com cautela, com vitalidade
Com vontade, com esganação de si
Numa constante expressão
Do espremer
E expressa-se aqui
O eu, o si
Feito fumaça que tarda, que flutua em lentidão
Que confunde, inspira, aspira as devoções
Feito dança e magia, feito voz de perdão
Feito encontro com Deus, com o divino de si
Estou eu aqui, conspirada em mim
Condenada, abençoada, amordaçada ou somente atordoada
Escritora de mim______________________________
Aquarelada
Descabida e refratada
Em luz, sombra
Pétalas de brisa
Que amacia
Toca a face
Em cheiro doce
Diana
Primeira da primavera
Já com um fardo muito espesso
Beleza e leveza
Em olhos que vão da ingenuidade à malícia
Como você me leva para a pista
Em rodopios
Um sussurro fácil e carinho bobo
Desvelando
Os talentos, os dotes
Teu atributo é o bote
De cobra
Que enforca, esmaga
Açoita para tirar o ar
Me deixa sem respirar
E eu flutuo
E voo
E fluo
E soo
Som
Engulido seco
Rasgante e ardente
Como bebida que desinibe
Resgata a coragem que nunca tivemos
Entre tantos e tantos covardes
E na penumbra
No abraço
Na dança e no encanto
No enlaço da presa
Na armadilha de seu predador
Viramos só
Solidão
Som
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Crow Luine é aquariana, visionária, sonhadora, uma tarada por gente, por grupos, por dinâmicas sociais e que também sofre dos dilemas e males que acometem a humanidade contemporânea. Ficou órfã muito cedo, de toda a sua família e frequentemente escreve sobre as dores, aprendizados, saudade e honra que foi viver esta história. Também descobriu, após a morte dos pais, que era adotada e não tem informação nenhuma sobre seus progenitores. Uma completa novela que não foi escrita por ela mas que se permite viver, protagonizar e dirigir, da maneira que pode.
É lésbica, sempre foi gorda, gamer e paranoica. Cria dois gatinhos e uma cachorra. Na carreira, seu coração sempre esteve na educação e na empatia. Formada em Pedagogia, pós-graduada em Psicodrama e também Hipnoterapia; hoje é terapeuta e educadora na Casa Intuição, espaço com a intenção de resgatar o verdadeiro sentir, genuíno e primitivo de cada um.
~Maya
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