quarta-feira, 17 de julho de 2019

Singelezas

Quando anuncio que o Bibliofilia Cotidiana é um espaço para todos, não estou brincando. Tem muita gente por aí que não tem pretensões artísticas, não pretende lançar livros ou ser reconhecida como escritora - é sempre bom lembrar que escrever é uma excelente terapia.

A Fernanda é dessas. Claro que nada descarta um desejo futuro de fazer carreira na literatura, mas por enquanto, Fernanda escreve por gosto, por vontade pura e simples de escrever. É importante ressaltar o quanto a literatura pode ser uma válvula de escape importante para quem lida com um dia a dia pesado, conturbado - e atualmente acho que todo mundo vive essa realidade.

Fernanda é advogada. Não simplesmente uma advogada, mas uma advogada feminista que lida com direitos humanos, e vive, como todos nós, em uma época perigosa para quem defende essas causas.

Ela enviou uma crônica para publicação nesse espaço. Não é uma crônica de quem vive de literatura, é uma crônica de quem encontrou na literatura uma voz para se expressar para além de sua rotina. Isso vale muito em um espaço que valoriza o poder da literatura em dias sombrios.

O que mais gosto na crônica de Fernanda é justamente a despretensão e a singeleza. É suave, é meiga, é um escape para Fernanda e para todos que a lerem, porque ela não visa uma revolta, uma denúncia, ela visa simplesmente uns minutinhos de paz.

Pé de Pano.
Uma amiga, há 23 anos, ainda em São Paulo, foi surpreendida com uma ninhada de gatinhos em sua porta. Deu abrigo e procurou por possíveis lares. Pedi para ficar com uma gatinha. Depois da mamadeira, a gatinha chegou. Com ela veio um irmãozinho que ainda não tinha onde ficar e ia passar um tempo conosco até encontrar um "onde ir" carinhoso. Ele, o gatinho, chegou em casa e logo arrumou um nome: Pé de Pano. Com a gatinha o negócio do nome empacou. Ela ia ficar e na vizinhança a gataiada tinha nome de respeito. Karl Marx, Cleópatra, Freud, Che (esse era de uma simpatia) Tinha até um Michel Foucault! E um Mao! Minha gata precisava de um nome forte, para se impor frente a tantos. Os dias foram se passando e nada de um nome. Enquanto isso o Pé de Pano, como que sabendo que iria embora, foi chegando, se aconchegando, se fazendo presente e amado. Claro que ele não se foi, assim como o nome, ficou. E a até então tímida Beatriz, ganhou o nome da eterna procura de Dante na Divina Comédia. Nome lindo. Pois bem, sempre que me perguntam o nome dos meus gatos, sempre, querem saber o porquê de "Pé de Pano". Até ontem. Ontem recebi a visita da Julinha, 5 anos, Quando perguntou o nome do gato e eu respondi: Pé de Pano, ela fez uma carinha de sabida e me perguntou: - Pé de Pano? Igual ao cavalo do Pica-Pau? Ufa! Aê Pé de Pano, encontramos alguém que fala e entende a nossa língua. Definitivamente, precisamos conversar mais com a Julinha. 

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Fernanda Vargues Martins é feminista, advogada, leitora voraz que arrisca a escrever.




~Maya
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