sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Espionagem à brasileira

Sou do começo dos anos de 1980, tive minha pré-adolescência e adolescência nos anos 1990 onde o grande nome da literatura infanto-juvenil era Pedro Bandeira, pegando carona ainda nos livros da Coleção Vagalume, que pertenciam à minha irmã, 5 anos mais velha. De Pedro Bandeira, meus favoritos eram os livros das série Os Karas, um grupo de adolescentes investigadores. Na Vagalume, Escaravelho do Diabo virou livro de cabeceira, sobre o misterioso assassino que escolhia suas vítimas pela cor do cabelo e mandava um escaravelho via correio como aviso. Tinha ainda as promoções da Nescau, que eu não sei direito como funcionava, mas sei que minha mãe fez os trâmites e eu recebi o livro "Sangue Fresco" pelo correio, onde crianças eram sequestradas e levadas a uma ilha onde eram devoradas por jiboias.

Daí para grandes clássicos como Agatha Christie e Sidney Sheldon foi um pulo. Em 2004 Dan Brown fez sua estreia no Brasil com o best seller "O Código DaVinci". Foi estrondoso. Lembro com clareza que foi a primeira vez que vi pessoas andando nas ruas com um livro na mão. Também foi a primeira vez que consegui conversar sobre livros com pessoas que se diziam avessas à leitura.

Depois tivemos fenômenos de outros gêneros literários, como fantasia pelo bruxinho Harry Potter que também abocanhou uma fatia de público que antes não era leitora, mas os romances policiais sempre foram grandes propulsores da literatura como um todo. Pelo menos eu, na minha experiência de leitura compulsiva que nunca teve muito espaço de debate sobre as obras lidas, era justamente no romance policial que encontrava alguns pares.

Mas, tirando os autores nacionais da minha adolescência, os clássicos policiais que conhecia sempre vinham de fora. Não posso negar que, por muito tempo, minhas leituras foram condicionadas pelos livros expostos em vitrines ou na lista dos mais vendidos, e, por muitos e muitos anos, ambos foram completamente dominados pela literatura estrangeira. Não é incomum, até hoje, em plena era da informação, encontrar leitores que só consomem literatura estrangeira pelo preconceito de achar que o que é produzido no Brasil é de má qualidade e ser, ao mesmo tempo, incapazes de citar um livro de autor nacional que tenham lido para confirmar sua teoria.

Há muito já não lia mais quase nada de policial até conhecer Andrea Nunes nas esquinas da internet. Uma mulher brasileira produzindo romance de espionagem. Mesmo que tenhamos Agatha Christie como um dos maiores nomes da literatura policial de todos os tempos, ainda é um desafio, em pleno século XXI, para mulheres encontrarem espaço em determinados gêneros, e o policial é um deles. Me interessei instantaneamente. Depois de uma leva de livros suaves ou poéticos, tinha em minhas mãos uma narrativa concreta e com, obrigatoriamente, assassinatos.



O resumo mais resumido possível de "Jogo de Cena" é: um corpo é descoberto, afogado, no Rio Lindo, município de Mangueirinhas, Pernambuco, com um pente de ouro e cabelos. O corpo é reconhecido como do boticário francês Michel Simon, e Alexandra, jovem delegada e enteada do antigo delegado, se vê obrigada a conviver com o filho do padrasto, o historiador Pedro, especialista em folclore, por conta do pente encontrado no corpo, que remete à lenda da mãe d'água.

Logo de largada, em um dos primeiros capítulos do livro, depois de sermos apresentados ao boticário, perseguido pelo temível braço armado da Skull and Bones - organização secreta que mantém entre seus membros algumas das pessoas mais poderosas do mundo, e que Andrea mesmo brinca, em determinado ponto do livro, que a organização é tão secreta que todo mundo conhece, somos apresentados à Alexandra, que assume na delegacia a cadeira que pertenceu a seu padrasto, tratado no livro todo como um pai de criação. Em seguida, somos jogados para o meio do mato, em um local secreto onde funciona uma seita. Nessa seita, o mestre dá a um novo discípulo uma missão de grande importância. Não sabemos quem é o mestre, quem é o discípulo nem qual a missão, somente que a missão não é nada boa.

Neste capítulo de apresentação da seita, anotei no rodapé que não fica claro de que natureza é essa seita, e isso é parte fundamental do mistério que nos espera. A seita se oculta da história por quase toda a sua extensão, depois da apresentação, a ideia da autora, ao que me parece, é justamente que nos esqueçamos dela - e funciona, eu li o livro em 3 dias e esqueci completamente dela. Na minha tentativa de desvendar os mistérios sozinha, passei radicalmente longe do real desfecho.

Ainda na fase de apresentação de personagens, conhecemos Tássio Galvão, um General que atua na Eletronuclear, empresa de energia onde usa de sua influência para um trabalho alheio à sua função. Ao que parece, ou nos sugere Andrea nesse capítulo, Tássio auxilia alguém externo à empresa em pesquisas sobre energia.

Nas sinopses do livro, facilmente encontradas pela internet, vemos que o livro trabalha questões energéticas com a futura crise do petróleo - que na vida real já destruiu países inteiros - misturado com o folclore nordestino - e aí entra a figura de Pedro, o historiador. Nesse caso, o General Tássio vem na contramão dos grupos dominantes em sua tentativa de auxiliar uma pesquisa sobre fontes energéticas mais limpas, mais baratas e, por consequência, menos lucrativas aos grupos que pagam bem para comandar o planeta.

O que parece relativamente simples, entretanto, passa longe disso. Depois da apresentação do General Tássio, embora ainda estejamos confusos com a morte do boticário - alguém que fabrica perfumes - a ligação entre crise energética, perfumes e folclore nordestino parece algo totalmente impossível de ser feita. Não temos elementos óbvios para entender como as três coisas conseguem andar juntas, e isso, por óbvio, é um mérito da autora.

Algumas coisas, nesse carretel, começam a ter elementos desvendados a conta-gotas. Primeiro sabemos que o boticário mora na casa paroquial, como um favor do pároco Joaquim, e que a casa paroquial está próxima a um engenho desativado em meio à mata, que mais pra dentro da mata funciona a seita apresentada no começo do livro e que tem como matéria sagrada elementos retirados da mata, e todo esse terreno está em processo de desapropriação para construção de casas populares.

A teia cresce. Temos um poder público pressionando a delegada para a solução do afogamento porque a área da desapropriação também pode ser uma cena de crime, a igreja pressionando porque a vítima residia na casa paroquial, a seita temendo perder seu espaço junto à mata e uma crise energética que parece ter pouca relação com o resto todo.

Na página 46 do livro, ávida para desvendar sozinha o mistério - e claro que Andrea não me permitira conseguir esse feito tão cedo - anotei no rodapé da página: "A seita é comandada pelo padre!!!!". Ops. Er... não. Na verdade passei tão longe que quando os leitores dessa resenha lerem o livro, encontrarão motivos para rir da minha cara. Não quero dar spoilers, mas deixando um pequeno escapar: a seita é parte do brilhantismo de um personagem criado por Andrea pra dar um nó no cérebro mesmo. A ideia é sair do "Jogo de Cena" vendo o mundo girar mais rápido do que o normal.

Na página 48, eu mesma assumo. O pároco não é o mestre. Falo isso sem medo de estragar surpresas porque surpresa é o que não falta no livro. Sigamos.

Na sequência, conhecemos Vado, ativista de uma ONG voltada à preservação do meio ambiente. A ONG, até aquele momento, vem sendo a maior pedra no sapato da gestão municipal quanto à desapropriação do terreno, alegando que a construção das moradias populares será uma agressão à mata atlântica. Em determinado ponto, o prefeito chama os membros da ONG de "baderneiro". Em um cenário em que a maior preocupação do prefeito é assumidamente sua reeleição e que as moradias populares serão seu único trunfo eleitoral, vemos que há portas para uma discussão externa à obra sobre a atuação da ONG, uma vez que, de um lado temos um grupo não governamental visando a preservação ambiental e um político aparentemente inexpressivo buscando em uma ação emergencial garantir sua permanência no poder.

A reação das personagens no diálogo deixa claro que não é uma concordância, um consenso de que a ação da ONG seja efetivamente uma "baderna", uma tentativa de frear o progresso da cidade ou o prejuízo latente aos necessitados. Entretanto, Andrea, sem interesse em levantar bandeiras óbvias em uma obra de espionagem, apresenta o contraponto ao informar que Vado, o ativista, também tem interesses políticos sobre suas ações. Não tira o mérito da ONG ou da causa, só coloca o personagem no mesmo patamar de seu inimigo.

A rede de intrigas ganha uma nova dimensão quando Alexandra e Pedro se deparam com o laboratório do botânico. Faria sentido um perfumista estar próximo à natureza para a descoberta de novas fragrâncias, mas o que eles encontram é um laboratório de uma sofisticação incomum. E é aí que entra o mistério central da obra.

Não me cabe aqui trazer as respostas dos mistérios contidos no livro, tampouco revelarei as próximas vítimas ou os responsáveis pelas mortes que ainda ocorrerão na pequena cidade pernambucana sob o disfarce das lendas populares, mas aconselho o leitor que prefira ser totalmente surpreendido que pare por aqui sua leitura.

Vamos continuar?

Tem certeza que quer saber?

Jura?

Última chance.

Ok, na busca de nossos protagonistas para uma explicação que desvendasse a morte do boticário francês, Pedro, usando de todo seu conhecimento histórico e folclórico, conclui que o boticário não era exatamente um boticário, ou pelo menos não se dedicava à perfumaria. Era um alquimista, em busca da famosa e misteriosa pedra filosofal, aquela mesma citada em Harry Potter e, cuja menção por Alexandra irrita Pedro.

General Tássio entra outra vez em cena. Se por um lado Pedro conclui que Michel tentava descobrir a pedra filosofal por processos alquímicos, por outro Tássio aparentemente fornecia material para Michel pesquisar novas formas de energia. Isso irritava aquele mesmo grupo lá de cima, que lucra milhões com a exploração do petróleo mesmo sendo uma energia "suja", já em processo de escassez e cuja busca é motivo de guerras e muitas, MUITAS mortes.

A Skull and Bones entra em cena sempre com o objetivo de garantir que o status quo permaneça inalterado. No rodapé do livro comparei a parte armada da organização com as próprias milícias, que surgiram como um poder paralelo ao Estado até que virassem o próprio Estado. Skull and Bones é uma organização de poder ilimitado. Meu único erro, na comparação, foi que a organização descrita por Andrea faz o serviço sujo derramando o mínimo de sangue possível, enquanto as milícias, como sabemos, faz exatamente o contrário.

E o poder da Skull and Bones é global. Alexandra e Pedro embarcam extraoficialmente para a França, em uma tentativa de contato com Jean Pierre, um jovem gênio que trabalhava em parceria com Michel na questão da pesquisa energética. Não apenas os protagonistas são perseguidos pelos homens da organização paramilitar, como chegam tarde demais, Jean Pierre já foi levado sabe-se lá para onde por membros dessa organização.

 - Aqui cabe uma ressalva interessante: na página 131 Andrea nos fornecesse um breve resumo da teia formada até então, de tudo o que será desvendado até o final da obra.

Nessa viagem, no passeio de Alexandra e Pedro pela Catedral de Notre-Dame é que temos alguns dos trechos mais fascinantes do livro, para quem curte história, como eu. Pedro explica para Alexandra como os alquimistas, perseguidos pela igreja na Idade Média, torturados, mortos e sendo obrigados a viver na clandestinidade, conseguiram deixar sua marca em uma das igrejas mais famosas do mundo.

Essa situação é reforçada em diversos pontos do livro, de forma totalmente não-panfletária, a autora questiona as acusações de bruxaria e as perseguições contra alquimistas mesmo sendo estes responsáveis por diversas descobertas químicas que estão no nosso dia a dia até hoje. O próprio pároco Joaquim tem seu momento de reflexão. Ele, que está à beira do morte por um tumor inoperável, entra em um conflito moral entre sua fá cristã e a busca pelo elixir da vida longa alcançado por um processo alquímico que vem sendo perseguido há séculos (aqui falamos da pedra filosofal).

Essa passagem pela igreja é a que mais me lembra a obra de Dan Brown (antes de seus livros se tornarem demasiadamente previsíveis). Existe uma explicação concreta ali, histórica e simbólica que foi certamente fruto de MUITA pesquisa por parte da autora, perfeitamente incorporada à trama. Ponto para Andrea.

É quando Alexandra está em Paris que a cidade onde ela atua entra em calamidade outra vez com mais um corpo descoberto usando o folclore nordestino. A essa altura o povo, movido pelo medo de ser a natureza se vingando da provável destruição da mata para a construção das casas. Não fossem fatos que vieram mais tarde na trama, seria possível desconfiar a participação da ONG nos homicídios. Nada mais potente para mobilizar um povo (inclusive contra si mesmo) do que o medo.

Obviamente não foi somente a religião que usou o medo como arma para manter o controle sobre o povo, mas durante séculos, foi a que usou de forma mais eficaz. Tudo o que era desconhecido ou cujos detentores do conhecimento eram incapazes de explicar foi atribuído ao diabo e, qualquer tentativa de desvendar os mistérios da própria natureza era vista como diabólica, passível de fogueira por muitos séculos. Muitas mulheres que faziam inofensivos chás para cura de algumas dores (hoje encontrados em qualquer bazar com suas características curativas estampadas no rótulo) eram rotuladas como bruxas e queimadas vivas. O próprio conhecimento do lado de fora das metáforas bíblicas era pecaminoso - e ainda o é. Hoje, por exemplo, vivemos novamente em tempos sombrios onde toda a produção de conhecimento está sendo abertamente destruída em nome de verdades particulares baseadas em conveniências ainda mais particulares.

Na página 223, por exemplo, Pedro explica à Alexandra brilhantemente sobre o poder que o medo fornece a quem o usa como arma:
"- Pessoas inteligentes e manipuladoras, ao longo da História, souberam trabalhar os maiores medos de determinadas comunidades para leva-las a aceitar o que elas queriam".

A relação do poder com o medo foi o que levou à ascensão do Nazismo, na Alemanha. O discurso do medo foi o principal trunfo de Hitler, inicialmente voltado contra comunistas para depois começar a implacável perseguição aos judeus. No Brasil, em 1964, a população apoiou a tomada do poder pelos militares, cientes do cerceamento de uma série de direitos civis - que se acentuaria com o AI-5 com exatamente a mesma justificativa: o medo do comunismo.

O fantasma comunista que assombra a mente dos mais ingênuos voltou às terras tupiniquins tanto no golpe de 16 quanto à posterior eleição de um extremista de direita, ou seja, a população chegou ao ponto máximo da extrema-direita com medo desse inimigo imaginário que permeia as mentes brasileiras desde a década de 1960. Nos Estados Unidos, como o próprio personagem Pedro citou no livro, o que elege um presidente é a promessa de segurança contra o terrorismo não importa a que custo, e no Brasil o motivo central da eleição do atual presidente foi a promessa da liberação de armas para dar ao povo uma falsíssima noção de segurança.

Alexandra pergunta à Pedro se ele pensa que o uso do folclore local é uma forma de manipulação. Sim, era. Explorar o medo de uma população é a forma mais rápida de fazê-la agir da forma que se deseja que ela haja.

No canal do youtube Tempero Drag, comandado pelo professor Guilherme Terreri na pele da drag Rita Von Hunty tem um vídeo justamente sobre a indústria do medo, com o perdão do trocadilho, tema que foi o tempero central para as ações ocorridas na obra de Andrea. Não eram - e nunca se pensou que fosse - os personagens das lendas que cometeram os homicídios, mas o imaginário popular aceitou e abraçou a superstição para agir de acordo com os interesses do assassino que, descobriremos mais tarde, se tratar de uma pessoa de elevado conhecimento.

Os desfechos explorados pela autora são nos apresentados sem dó. A saída do General Tássio do jogo de cena montado pela autora é, para mim, um dos momentos mais chocantes e inesperados do livro. De forma prática, não fez exatamente muita diferença no enredo como um todo. Tássio foi praticamente um figurante na obra para representar, em pouca escala, a questão energética, mas a forma como a autora o retirou da trama não apenas contribuiu para a riqueza da narrativa como trouxe um elemento importante para o desfecho. O primeiro deles.

Sim, tem dois desfechos.

Daqui pra frente, continuar trabalhando a trama específica do livro é literalmente contar o fim, coisa que não vou fazer.

O que posso fazer, para concluir essa resenha, é dizer que Jogo de Cena tem como protagonista algo que vai além de Alexandra e Pedro: o medo.

O medo da perda do poder que levou à atuação da Skull and Bones, o medo de assumir seus sentimentos que permeou a relação de Alexandra e Pedro (que inclusive não mencionei nem uma linha), o medo do caos energético que levou Tássio da trabalhar de forma clandestina, o medo de Michel em volta de suas pesquisas, o medo de Jean Pierre que se viu obrigado a uma atitude drástica, o medo do desconhecido e da perda de seu poder sobre o povo que levou a igreja a transformar alquimia em uma atividade clandestina. O medo de lendas e folclore que foi usado contra o povo de Mangueirinhas para atingir os objetivos de quem estava por trás de tudo isso.

Jogo de Cena não tem a mesma agilidade das obras de Dan Brown - e isso está longe de ser uma crítica negativa - mas tem fôlego, tem pesquisa intensa e muita informação histórica embasando as ações dos personagens, tem uma narrativa muito bem desenvolvida, tem mistério, tem pistas que levam o leitor a um lugar quando deveria estar em outro formando o conjunto completo de uma obra policial de qualidade.

E tem o toque humano. Sem contar o momento mágico em que vemos um fenômeno comum na imprensa, quando quer manipular opinião pública com uma simples manchete: levar as pessoas a acreditarem em uma mentira contando apenas a verdade (e confesso que esse é meu momento favorito no livro).

Jogo de Cena é um romance policial brasileiro que não perde nada - e nem teria motivos para perder - das obras do gênero que consumimos aos montes assinadas por autores estrangeiros. Há tempos não lia um romance policial. Gostei do que vi. Não é uma peça única de crime e investigação; tem sustância, tem miolo, tem conteúdo. Tem competência - e não é pouca - da autora.
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Jogo de Cena
Andrea Nunes

Cepe: Recife, 2019
325 páginas
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Andréa Nunes é promotora de Justiça de combate à corrupção em Pernambuco e membro da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror. É ainda autora de "O Código Numerati" e "A corte infiltrada".

~Maya

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